Isaías 51.2

Isaías 51.2

Estamos sendo convidados a esticar o nosso olhar até chegar à nossa origem última, em Deus. De lá, faz sentido aproximar o foco para as nossas origens dentro da história de Deus com a humanidade. Olhem para Abraão … e para Sara, os antepassados distantes.

Aqui somos colocados diante de um problema que tem profundas repercussões na história das religiões. Judaísmo, cristianismo e islamismo costumam reportar suas origens a Abraão. O judaísmo e o islamismo o fazem com base num dado “biológico”. O cristianismo o faz com base num dado “de fé”, ou, se se queira, de adoção. A verdade é que provavelmente todos o fazem com base num dado de fé. 

Origens étnicas, biológicas, são difíceis de determinar, com o passar do tempo. As pertenças mais sólidas, em seres espirituais como os humanos, são as espirituais. Uma justa percepção disso poderia representar uma grande revolução nas relações entre as religiões, e nas relações entre os povos que se orientam por essas religiões. Por causa de uma percepção deficiente, o dado “genético” tem levado a sempre novas rupturas e animosidades. Uma percepção mais adequada, “espiritual”, poderia levar a novas perspectivas de pertença mútua, de congraçamentos em lugar de guerras.

Abraão era um quando Deus o chamou. E o abençoei, e o multipliquei. Quando Deus reduz a humanidade toda a um, não é para excluir todos os outros. Muito pelo contrário. A redução a este um devia justamente garantir a inclusão de todos os outros. Deus o abençoou e o multiplicou (Gn 12.2), as duas grandes promessas que sustentam e movem a história narrada na Bíblia. Sempre de novo ameaçadas, sempre de novo reafirmadas. Ambas em função de uma terceira promessa, mais abrangente: “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

Dia 116 – Ano 2