O Senhor consola Sião. Esse tem sido um tema constante nas profecias relacionadas ao cativeiro babilônico. É nele que se fundamenta o chamado que está no início dessas profecias: “Consolem! Consolem o Meu povo!” (Is 40.1). Consola todas as suas ruínas. As ruínas de Sião (Jerusalém) são, também elas, consoladas. Deus fala com elas como com pessoas.
“Quando o Senhor restaurar a sorte de Sião” (Sl 126.1), o deserto, os lugares áridos, serão transformados. Transfigurados. O Sião, aqui, é visto como uma grande região, do tamanho do antigo reino de Judá. Toda ela, mesmo as terras inóspitas, será como o Éden, como o jardim do Senhor. E quando isso acontecer, nela haverá festa e alegria, gratidão e ressoar de canções.
Sempre de novo, em textos como esses, se coloca a pergunta: quando será isso. E a resposta deve evitar se prender a uma linha do tempo unidimensional. Desde o começo, o Livro de Isaías nos mostra isso. Os olhos que vêem Sião como cidade isolada e cercada (Is 1.8) não estão vendo mal. Essa era a realidade naquele momento. Mas vêem pouco. São espiritualmente míopes. A perspectiva profética, naquele mesmo momento, vê Sião como “Sodoma e Gomorra” (1.9-10). Seu passado explica seu presente.
A mesma perspectiva profética, sabe também ver o presente a partir do futuro. Sabe ver Sião como a “capital da Instrução”, para onde os povos fluem em busca do conhecimento de Deus (2.2-3). E também consegue vê-la dentro de uma natureza transfigurada, reconciliada (2.5-10). Consegue vê-la como a “capital da reconciliação”, onde um grande banquete é servido a todos os povos, e onde lhes é anunciada realização de uma grande esperança: a abolição da morte (25.6-8).
Aprender a ver desertos como o Jardim do Éden. Ver Jerusalém em ruínas como a “capital da consolação”, consolação em sentido forte. E aprender a refazer a pergunta, de um jeito mais adequado. Nem importa tanto o quando, isso só Deus sabe. Importa mais perguntar: como podemos nós deixar-nos transfigurar pela Palavra e pelo Espírito profético, e assim nos inserir desde já nesse processo divino de transfiguração do mundo que o Livro de Isaías, mais adiante, vai chamar de “novo céu e nova terra” (65.17).
Dia 117 – Ano 2