A menção a Sitim (Josué 2.1), onde o povo estava acampado, conecta o reinício da narrativa, no Livro de Josué, com o final do livro de Números (33.49). Todo o Deuteronômio, que vem no meio, é composto por falas de Moisés ao povo acampado perto do rio Jordão, preparando-se para a travessia do rio e a conquista da terra que Deus havia prometido. Em si, a narrativa recomeça no último capítulo (34) de Deuteronômio, que relata a morte de Moisés.
Recomeçam, portanto, as ações. Tal como na primeira tentativa de tomada da terra (cf. Números 13), espiões são enviados à frente, para fazer um levantamento da situação e trazer informações relevantes. Agora só dois homens são enviados (Josué 2.1), e é a história deles que é o tema deste capítulo.
O dito de que Deus pode agir de formas estranhas (Isaías 28.21) se aplica bem a essa história. Ela não tenta esconder, por exemplo, que os dois homens procuraram uma casa de prostituição para passar a noite (2.1). Mas também não especula sobre o fato. O que a história vai mostrar é que também prostitutas não estão fora do alcance do amor de Deus. Aqui, a atitude pronta e firme de uma prostituta vem a ser decisiva para o futuro do povo de Deus.
Isso será, mais adiante, reconhecido na narrativa bíblica. Raabe, a prostituta, não só terá sua vida poupada, com a de sua família, mas dela descenderá o rei Davi (Rute 4.21; Mateus 1.5), ancestral do Messias.
E é da boca de Raabe que temos aqui uma bela confissão de fé (Josué 2.9-11). Ela sabe (v.9) que o Senhor, o Deus dos israelitas, deu a eles a terra onde ela mora (v.9), e Lhe reconhece o direito de fazer isso, já que Ele é Deus tanto “em cima, nos céus, como embaixo, na terra” (v.11). Uma fé assim é raramente encontrada no próprio povo eleito. Os Evangelhos, mais tarde, irão mostrar isso mais que uma vez, e inclusive tematizarão isso explicitamente (cf. Lucas 13.29; João 10.16). Deus enxerga mais longe, e melhor.
Dia 186 – Ano 1