Juízes 16

Juízes 16

A história de Sansão parece coisa de novela. Juízes 16 começa contando de algo que nem parece ter sido tão anormal para Sansão. Ele vê uma prostituta, e não resiste (16.1). E o texto não faz qualquer alusão a uma possível resistência ou conflito moral.

No v.4, começa o drama que finalmente leva à morte de Sansão. Ele se apaixona por uma mulher chamada Dalila, que também parece ter sido uma prostituta. Se ela também se apaixonou por ele, não é dito. De qualquer modo, o dinheiro oferecido pelos chefes filisteus (v.5) valia mais para ela do que qualquer possível afeto. Começa, então, o jogo de tentar descobrir o segredo da força descomunal de Sansão. Três tentativas são frustradas (v.6-9; 10-12; 13-15). A mulher foi persistente, e isso infernizou a vida dele (v.16). Mas foi por essa via que ele cedeu, e revelou à mulher o seu segredo mais íntimo (v.17).

Quando lhe cortaram os cabelos, junto com os cabelos se foi também a presença do Senhor (v.20). E Sansão enfraqueceu, e os filisteus o prenderam, lhe furaram os olhos e o puseram a mover rodas de moinho, como um escravo. Um final desolador, não fosse a observação quase casual do narrador, ao terminar, de que os seus cabelos começaram a crescer de novo (v.22).

O próximo episódio nos coloca num grande salão em que a elite da sociedade filistéia estava dando uma festa. No auge da festa, quiseram se divertir às custas de seu grande inimigo. Quando Sansão pede a Deus força “só mais essa vez” (v.28), Deus atende, e ele derruba o salão inteiro, matando mais inimigos naquele dia do que no resto de sua vida (v.30). Mas isso lhe custou a sua vida. E assim termina essa história enigmática, à qual a narrativa bíblica concede um espaço tão significativo.

Talvez o foco esteja em que o povo escolhido tinha uma difícil lição a aprender: receber o Espírito de Deus na estrutura corporal humana, e aprender a se deixar guiar pelos impulsos do Espírito. Disso faz parte ser provado. O Espírito “nos leva ao deserto, para sermos tentados” (Mateus 4.1). Deus nos dá espaço para o aprendizado, sem deixar de estar sempre por perto.

Dia 221 – Ano 1