O ato hediondo de um grupo de benjaminitas de Gibeá, que violentaram uma mulher até a morte, e o gesto macabro do levita marido dela, cortando o corpo em pedaços e mandando-os às outras tribos, abalaram os israelitas. Isso requeria atenção. As últimas palavras do capítulo anterior (Juízes 19.30) representam três atitudes que se esperava numa hora dessas. “Ponderem, aconselhem-se (uns com os outros), dialoguem”. É hora de parar e pensar sobre os rumos da vida. Infelizmente, muitas vezes precisamos sofrer fortes abalos para chegar a esse ponto.
Em Juízes 20 lemos sobre a reação dos israelitas. Eles se reuniram “como se fossem um só” (v.1) na presença do Senhor, em Mispá, que parece ter sido na época um ponto de encontro das tribos. Tendo ouvido o relato do levita (v.4-7), houve unanimidade na decisão (v.8). Os benjaminitas foram exortados a entregar os homens que tinham feito a barbaridade, mas “Benjamim não quis ouvir a voz dos seus irmãos” (v.14). Em vez disso, prepararam-se para fazer guerra às outras tribos. E assim a guerra contra os outros povos, que no início da conquista ainda teria, talvez, uma justificativa, se torna agora guerra entre irmãos.
Todo o resto do capítulo é dedicado ao relato dessa guerra. O resultado foi que os benjaminitas foram dizimados. Seiscentos homens conseguiram escapar e se esconder numa região de cavernas no deserto (v.47), onde permaneceram escondidos por quatro meses.
E assim o fosso que vimos se alargando ao longo do Livro de Juízes, numa espiral de reincidência que a cada vez descia mais, parece ter chegado ao fundo. A desatenção em relação a Deus ia gerando, talvez sem que se percebesse, desatenção em relação ao próximo. À medida em que a idolatria se tornava mais e mais explícita, o mesmo acontecia com a violência contra o ser humano.
Dia 225 – Ano 1