O capítulo anterior termina falando de “paz na terra” por quarenta anos (Juízes 5.32). O começo de Juízes 6 mostra que os israelitas não sabiam aproveitar esses tempos de paz para estruturar suas vidas de modo a virem a ser bênção para os povos, como Deus tinha falado a Abraão. O número quarenta aponta para esse aspecto de teste nessa história. Mais uma vez, o povo de Deus não passou no teste. “E os filhos de Israel fizeram o mal diante dos olhos do Senhor” (6.1).
O círculo vicioso não conseguiu ser quebrado. Deus os entrega aos povos, para que estes os eduquem, já que eles não querem ser educados por Ele. O resultado foi que Israel “enfraqueceu muito” (v.6). Nessa situação, como sempre, eles clamam ao Senhor (v.7). A novidade, agora, é que a reação de Deus não é mandar de imediato um libertador. Primeiro ele manda um “profeta” (v.8). Esse é o primeiro profeta de que fala a narrativa bíblica. Começa a se cumprir, assim, a promessa de que fala Deuteronômio 18.15-22.
E o que faz esse primeiro profeta? Em nome de Deus, ele conta ao povo a história das libertações de Deus (Juízes 6.8-9), e repreende o povo por não prestar atenção a Deus (v.10). Por mais que profetas façam ainda outras coisas, quando necessário, é esse “contar a história”, conclamando o povo a escutar a Palavra de Deus, que é o cerne do ministério profético, ainda hoje tão importante para o povo de Deus.
O profeta sai de cena, entra o Anjo (v.11). Também o Anjo fala, dessa vez diretamente ao homem que será o próximo libertador, Gideão (v.11). Alguns versículos adiante o narrador diz que era o Senhor que estava falando com Gideão (v.14). Não precisamos pensar que o anjo e Deus são a mesma pessoa. Mas devemos, sim, prestar atenção à continuidade que existe entre eles. E também entre eles e o profeta.
Para nós, isso pode significar, por exemplo, aprender a ouvir a palavra profética como palavra que carrega a palavra de Deus. E assim, também, a história narrada pelos profetas que escreveram os textos bíblicos.
Dia 212 – Ano 1