O Livro de Êxodo termina declarando que, a partir de agora, Deus tem uma tenda neste mundo. Êxodo 40.35-38 falam de como a partir daí se mostrou a presença de Deus em meio ao Seu povo, durante o tempo da peregrinação pelo deserto. Enquanto Deus ficava acampado (enquanto a nuvem cobria a Tenda e a glória de Deus enchia a Morada), o povo ficava acampado. Quando a nuvem subia e seguia em frente, o povo levantava acampamento e seguia atrás da nuvem.
Aqui se descreve um lado do que foram aqueles 40 anos pelo deserto. O lado bonito. O outro lado vai aparecendo, é só seguir lendo. Murmurações, revoltas, desobediência, teimosia. Mas esse outro lado não deveria nos fazer esquecer o lado bonito que aqui é apresentado. É esse lado bonito que, mais tarde, será lembrado com nostalgia por profetas como Oséias (2.14-15) e Jeremias (2.2-7).
Começamos agora a leitura do Livro de Levítico. Ele vai descrever, devagar e minuciosamente, como essa relação de Deus com Seu povo se complexifica quando é vivida na realidade do mundo em pecado. Talvez hoje tenhamos dificuldade em compreender por que dar tanta importância ao pecado. Talvez preferíssemos um relato que se concentrasse nos bons momentos. Deus quer que bondade e beleza tenham fundamento sólido e permanente. E isso não se resolve com pensamento positivo, que passa por cima dos problemas. Passar por cima deles agora, é permitir que aflorem mais fortes e destrutivos mais adiante.
O pecado é uma força desagregadora, que sempre de novo cria fossos invisíveis que separam o ser humano de Deus, de si mesmo, dos outros, da natureza. Essa força está dentro do mundo, misturada ao nosso cotidiano. Detectá-la, tratá-la, com amor e sem violência, é um dos propósitos da narrativa bíblica.
Dia 92 – Ano 1