Os capítulos 11 a 15 de Levítico trazem orientações pormenorizadas sobre como os israelitas deviam proceder em relação a tudo que, no seu dia a dia, os tornava ritualmente impuros. Para nós hoje, algumas coisas aí são um pouco difíceis de compreender. Precisamos sempre ter em mente qual é a questão de fundo.
Temos visto como era importante para o texto bíblico a correta observância e guarda dos espaços. Basicamente havia o espaço “profano”, onde se desenrolava a vida cotidiana em sua normalidade, e o espaço “sagrado”, onde os sacerdotes performavam os rituais que conectavam o povo a Deus. O espaço de Deus não era idêntico ao espaço sagrado. Ele ficava para além do espaço sagrado, separado dele por um espesso véu.
As leis relativas à pureza e impureza diziam respeito a tudo aquilo que, no cotidiano das pessoas, as tornava ritualmente impuras, ou seja, não aptas a se aproximarem do espaço sagrado. Muitas coisas com as quais as pessoas podiam ter contato, no dia a dia, as tornavam “impuras”. E como a impureza é contagiosa, tudo que era tocado por alguém impuro se tornava impuro. O objetivo dessas leis é definir precisamente o que torna alguém “impuro”, e o que fazer para se “purificar”.
Levítico 11 trata de comida, especificando qual carne os israelitas podiam comer, e o que não deviam comer. Há um resumo em 11.46-47. Mesmo que não compreendamos bem alguns detalhes, a mensagem principal nisso tudo é: “vocês se consagrarão e serão santos, porque Eu sou santo” (11.44). Ser santo, portanto, é aprender a distinguir entre o puro e o impuro, e a se separar do impuro. Por que tudo isso? É o que queremos, aos poucos, ir refletindo, e tentar perceber como isso tem a ver com a reconciliação que Deus está trazendo ao mundo.
Dia 100 – Ano 1