Levítico 14 continua a lidar com questões relacionadas à “lepra”. A primeira parte (14.1-32) trata dos ritos de purificação das pessoas curadas da doença. Tanto esse capítulo como o anterior deixam transparecer uma “ciência da saúde” em estágio relativamente avançado para a época. Detalhes nos métodos de diagnóstico e na interpretação de sinais nos corpos ou em objetos, mostram que os israelitas levavam a sério a preocupação com a saúde. E não só em relação aos indivíduos. Aspectos de saúde pública também são enfocados nesses textos (como a questão da água corrente, e mesmo a da quarentena). São cuidados que Deus quer que Seu povo aprenda.
A segunda parte (14.33-57) trata de “lepra nas casas”, e confirma esta impressão de atenção com a saúde pública. Incidentalmente, esse trecho mostra que as leis reunidas aqui são apanhados de leis de diversas épocas. Aqui se pressupõe que os israelitas moram em casas e habitam em cidades (14.53), o que não era o caso durante a peregrinação pelo deserto. O propósito disso é situar essas leis no contexto do encontro com Deus no Sinai. O Sinai era um “portal” do céu, onde as energias integradoras e reconciliadoras do Paraíso estão atuando; e é isso que estas leis transmitem, no fundo.
Em Levítico 14.54-57 encontramos um bom resumo dos capítulos 13 e 14 de Levítico. Resumos como esse são importantes, porque ajudam a nos situar e nos guiam na leitura da Bíblia. A essa altura, quando tantos detalhes nos parecem estranhos, e alguns até insensíveis, pode ser importante se colocar a seguinte questão: nós, hoje, não regulamos mais o nosso dia a dia pelas leis que aqui estamos lendo. Mas será que, ao deixar de fazê-lo, não perdemos de vista também o principal, que é o propósito pedagógico de colocar o cotidiano em relação com Deus, de modo que aprendamos a ver Deus em tudo que fazemos e vivemos?
Dia 103 – Ano 1