Este capítulo é central no livro de Levítico. Ele trata do Iom Kippur, o Dia da Expiação. Apesar de todas as providências para evitar isso, a contaminação do pecado e da impureza atinge também a Tenda. Por isso, uma vez ao ano é “dia de limpeza”. Esta era a única ocasião em que o sumo-sacerdote entrava no Santíssimo quando “a nuvem” da Presença divina estava nele (Levítico 16.2).
O Santíssimo era a parte mais interna da Tenda. Era separada do Lugar Santo, onde oficiavam os sacerdotes, por um véu (uma grossa cortina). Nele estava o “propiciatório”. A arca da aliança era um baú. O propiciatório era a tampa deste baú. Sobre ela havia duas imagens de querubins com braços abertos. Era o símbolo da Presença divina. A palavra “propiciatório” significava o lugar desde o qual Deus “era propício”, o lugar desde o qual Deus perdoava os pecados.
Antes de entrar, o sumo-sacerdote fazia expiação “por si e por sua família” (16.11). Ao entrar, ele espalhava incenso. A “nuvem” do incenso (v.13), mais a nuvem da Presença, cobriam o propiciatório. Diante dele, o sacerdote espargia sangue dos animais sacrificados (v.14-15). Assim era feita expiação pelo Santíssimo e pela Tenda toda. O lugar da Presença divina, estando no meio do povo, era contaminado por suas impurezas (v.16). É uma comovedora imagem do amor de Deus que, sem perder a santidade, habita conosco!
Depois o sacerdote fazia expiação pelos pecados de todo o povo. Assim, de dentro para fora, do mais interior ao exterior, tudo era perdoado e ficava limpo. O v.16 usa três palavras diferentes (“impurezas”, “transgressões”, “pecados”) para assinalar a abrangência e a completude deste rito. Tudo que separava as pessoas de Deus, de si próprias, umas das outras e da criação divina, era perdoado e restaurado neste dia. Para completar, um bode (o “bode expiatório”) era mandado vivo “para Azazel”, que significava tanto um demônio como um lugar deserto (v.20-22). Assim, o pecado era “mandado embora”, e o acampamento era de novo um lugar de shalom, de paz e integridade.
Dia 105 – Ano 1