No capítulo anterior começamos a ler a história de Balaão, o xamã contratado para amaldiçoar o povo de Israel. Uma comitiva enviada por Balaque, rei dos moabitas, não havia tido resultado. Deus não tinha permitido que Balaão aceitasse o convite (Números 22.12-13). Balaque insistiu, e dessa vez Deus permitiu a Balaão que fosse com eles, mas que fizesse somente aquilo que Ele lhe dissesse (22.20). No caminho, Balaão foi interceptado pelo Anjo do Senhor, mas só a sua jumenta o percebeu. O famoso xamã não tinha visto o Anjo, só a jumenta! Ela que teve que lhe dizer o que estava acontecendo.
No presente capítulo, Balaão já está com Balaque. São realizados sacrifícios preparatórios, considerados importantes para o sucesso da empreitada (Números 23.4). Mas eles não sensibilizaram a Deus, pelo menos não da forma pretendida. Deus intervém e diz a Balaão o que ele deve falar. E assim, em vez de amaldiçoar os israelitas, Balaão os abençoa (v.7-10), sob os protestos de Balaque (v.11). Balaão parece desolado, sem poder fazer nada (v.12).
Nova rodada, e de novo Balaão abençoa em vez de amaldiçoar (v.13-24). Balaque, então, decide por um empate: nem maldição, nem bênção (v.25). Balaão protesta. Ele havia dito a Balaque que só podia fazer o que o deus mandava (v.26). Nas palavras que o Senhor coloca na boca de Balaão temos um belo testemunho de como o povo de Deus aparece aos olhos de Deus. Temos observado ao longo da narrativa de Números uma duplicidade de olhares: um olhar de realismo e um olhar de esperança.
Aqui, o olhar da esperança faz poesia. Nos v.7-10, é celebrada a eleição de Israel, que o coloca à parte dos outros povos (v.9). Israel é visto como desfrutando da companhia de Deus, que o purifica de seu pecado e o faz feliz (v.21). Essa presença de Deus é protetora, tornando esse povo imune à magia, feitiços e passes (v.23). Ela lhe dá grande força (v.22), a que ninguém pode resistir (v.24). O olhar da esperança vê com os olhos de Deus. Vê o hoje na perspectiva do amanhã, como diz a segunda parte do v.23: agora celebramos aquilo que Deus está fazendo e ainda vai fazer, como se já estivesse feito!
Dia 138 – Ano 1