Nos capítulos anteriores, viemos observando como a relação entre os sacerdotes e os levitas vinha ficando tensa. No episódio de Datã e Abirã (cap. 16) a coisa explodiu. Em Números 17 vimos como Arão foi duplamente legitimado: como chefe da tribo dos levitas e como sumo-sacerdote dos israelitas. Números 18 detalha, agora, as funções de cada grupo (dos sacerdotes e dos levitas), para que tudo se resolva.
Os levitas são “dados aos sacerdotes” (Números 18.6), como contribuição do povo para o serviço religioso (já que os levitas estão em lugar dos primogênitos de todas as tribos). Suas funções diziam respeito à Tenda como um todo (v.6). Os sacerdotes tinham a função específica de cuidar do que tivesse a ver com o altar e com “o que está para dentro do véu” (v.7), ou seja, o Santíssimo.
Aqui (nos v.8-19) fica mais claro que a maior parte da carne dos sacrifícios não era queimada, e sim comida pelos sacerdotes e levitas. E o mesmo valia para a maior parte das oferendas em geral. Este era o ganha-pão dos sacerdotes e dos levitas (v.31), junto com os dízimos (v.21-24). Os dízimos do povo iam para os levitas (v.21). Os dos levitas, para os sacerdotes (v.25-29).
Vemos, assim, que o princípio dos dízimos é religioso só em parte. Deus não precisa do que nós Lhe oferecemos. A organização do serviço religioso, essa sim, precisa ser sustentada, e é para isso que, em parte, estão aí os dízimos. Já Deus, além de querer ver as coisas funcionando, fica observando os corações, para ver com que espírito as ofertas são dadas. O jeito como Jesus observava as pessoas dando ofertas (Marcos 12.41-44), mostra isso. Além dos serviços religiosos em si, todo o pessoal separado para trabalhar neles tinha que ser sustentado. E é para isso que servem os dízimos.
Mas o mais importante em relação aos dízimos tem a ver com o nosso coração. A prática dos dízimos quer inculcar nas pessoas que elas não pensem só em si, mas também nos outros e na coletividade. Eles têm, portanto, uma função eminentemente pedagógica. A prática quer trabalhar sobre o coração, sensibilizando-o. E o coração quer orientar a prática para a direção certa.
Dia 133 – Ano 1