A imagem de ordem e simetria, que percebemos no capítulo anterior, continua. Depois de terem recebido as instruções divinas, os israelitas se preparam, agora, para a longa marcha pelo deserto. Isso requer o que hoje chamamos de “logística”. Uma multidão tão grande não pode sair pelo deserto assim no mais, há que ter uma certa organização. Que a realidade posterior nem sempre tenha correspondido à organização e simetria que aqui se desenha, não perturba a narrativa bíblica. Pelo contrário, justamente este contraste convida a perceber a mensagem de fundo destes textos.
Um bom exercício para captar numa imagem o que lemos neste capítulo (Números 2), é uma “vista aérea”. Vamos nos afastando, até conseguir ver o todo numa só figura. Ao centro, está a Tenda de Deus, coberta pela nuvem da Presença.
Um primeiro círculo ao redor dela indica o arraial dos levitas (v.17), sobre o qual falará o próximo capítulo. Ele está organizado em quatro grupos, um de cada lado da Tenda. Num segundo círculo, mais para fora, temos quatro arraiais, ou acampamentos. De novo, um de cada lado (norte, sul, leste e oeste). Cada um desses quatro arraiais tem três divisões, que correspondem às tendas de três tribos. Ao leste, o grupo de três tribos liderado pela tribo de Judá (v.3-9). Ao sul, o grupo de três tribos liderado pela tribo de Rúben (v.10-16). A oeste, o grupo de três tribos liderado pela tribo de Efraim (v.18-24). Ao norte, o grupo de três tribos liderado pela tribo de Dã (v.25-31).
Círculos concêntricos, tendo no centro a Presença divina. Desse centro, ela irradia uma energia amorosa que cobre e guarda todo este grande acampamento. Esse centro oculto é o segredo deste acampamento e deste povo. É seu coração, que dirige tanto o acampar quanto o marchar (v.34). É nesse espelho que Deus quer que aprendamos a ver Seu povo!
Dia 117 – Ano 1