No capítulo anterior, tentamos prestar atenção na maneira como a narrativa bíblica passa do efervescente cenário político para uma revisão detalhada das oferendas religiosas. Não é mudança de assunto, é aprofundamento da questão. Em tempos de transição política, nada mais importante a um povo do que lembrar suas raízes e sua identidade, lembrar de “guardar” as oferendas que encarnam concretamente a relação espiritual com Deus (Números 28.1).
Claro que este “guardar” pode vir a se tornar uma mera formalidade, uma observância coletiva que passa ao largo do coração de cada pessoa. Mas não necessariamente. E os corações precisam se externar, para não acabar egoístas e doentes. O Novo Testamento vai apresentar Maria, mãe de Jesus, como um modelo, que “guardava em seu coração” os acontecimentos que conectavam as expressões da piedade israelita à revelação divina (Lucas 2.51).
Números 29 continua a revisão detalhada das oferendas que acompanhavam as festas religiosas no antigo Israel. O sétimo mês do ano tinha um significado especial. O mês começava com uma festividade religiosa, cujas oferendas estão aqui especificadas (v.1-6). O décimo dia desse mês era um dos mais importantes do ano. Era o Dia da Expiação. Nele os israelitas “afligiam as suas almas” (v.7), faziam um auto-exame para ver às quantas andavam espiritualmente. Também as oferendas relacionadas a esse dia são detalhadas aqui (v.8-11).
No dia quinze do mesmo mês, portanto de sábado a sábado da semana seguinte ao Dia da Expiação, começava uma série de oferendas especiais que iam mudando um pouquinho a cada dia (v.12-38). Cada dia dessa semana é repassado, com as ofertas correspondentes (v.12-16; 17-19; 20-22; 23-25; 26-28; 29-31; 32-34; 35-38).
Estas eram, então, as prescrições válidas para o povo como um todo. Além delas havia votos e oferendas individuais, voluntárias, que por sua própria natureza devem ser deixadas à decisão de cada pessoa (v.39).
Dia 144 – Ano 1