Em Levítico 27 lemos sobre a questão dos votos, a consagração de coisas importantes da vida a Deus. Números 6 trata de um voto que comprometia a vida inteira da pessoa: o voto de nazireu (6.2). Seus sinais externos eram a abstinência completa de comida e bebida proveniente da uva (v.3-4), a proibição de cortar o cabelo por todo o tempo de duração do voto (v.5) e a segregação em relação aos mortos (v.6). Em suma, quem faz esse voto “durante todo o tempo do seu nazireado, será santo [separado] para o Senhor” (v.8). Para infrações involuntárias, estavam previstas medidas de reconsagração (v.10-12). Para o fim do voto, estava prescrito um rito de passagem, pelo qual a pessoa era devolvida à “normalidade” cotidiana (v.13-21).
A questão maior nesses votos era a consagração da vida a Deus. Livre das preocupações e das rotinas das outras pessoas, a pessoa consagrada podia desenvolver uma antena especial para as questões espirituais mais fundamentais relacionadas ao povo todo. E assim, não deixar que estas questões caiam no esquecimento, expressando de forma visível na vida de alguns o que é a vocação mais profunda de todos.
Nesse contexto da narrativa vem inserida a chamada “bênção sacerdotal” (v.22-26). Com ela os sacerdotes abençoavam o povo reunido. O próprio Deus a entende como o ato, sempre renovado, de “colocar Seu Nome sobre” os israelitas (v.27). É este Nome colocado sobre o povo de Deus que o torna consagrado, que é o seu maior privilégio e sua suprema virtude. Mas é isso, também, que traz uma responsabilidade com o cuidado em relação ao Nome, como o expressam o primeiro e o segundo dos Dez Mandamentos (cf. Êxodo 20.3,7).
Na bênção, chama a atenção a direção do movimento, de Deus para nós. Ela expressa nossa passividade em relação às questões mais fundamentais da vida. De Deus esperamos bênção, proteção, misericórdia, paz. De Deus recebemos a promessa de um rosto amoroso voltado para nós.
Dia 121 – Ano 1