O trecho de Números 7.89 até 8.1-4 forma uma pequena unidade dentro destes capítulos. Moisés entrava na Tenda e ouvia a Voz que vinha de dentro do Santíssimo e que falava com ele. Moisés não via, só ouvia. O lugar deste encontro era iluminado pelas lamparinas da menorá, o candelabro, feito conforme o que Deus tinha mostrado a Moisés (8.4).
A menorá, com sua luz que nunca devia ser apagada, representava a árvore da vida. A Tenda representava o Jardim do Éden. Nela, a humanidade começava, agora, a viver de novo a relação com Deus como no começo. Por enquanto, é só uma pessoa, Moisés. E ela só ouve a voz (mas pelo menos não precisa mais fugir de medo, como Adão e Eva, Gênesis 3.10). E há uma cortina, um véu, entre eles. As palavras que Moisés ouve querem nos instruir, para que um dia possamos de novo viver na presença de Deus como no paraíso.
Colocada no meio da narrativa do livro de Números, essa cena quer iluminar o texto bíblico à sua frente e à nossa frente, muitos séculos depois. Como a menorá iluminava o encontro entre Deus e Moisés, o relato do texto bíblico quer iluminar os nossos encontros com Deus hoje.
Números 9 marca uma importante etapa na caminhada dos israelitas entre o Egito e a Terra Prometida. Um ano depois da páscoa celebrada às pressas, na noite da saída do Egito (Êxodo 12), o povo acampado no Sinai celebra novamente a páscoa. De novo ela marca o fim de um período (o da permanência no Sinai) e o começo de um novo: a peregrinação pelo deserto. Medidas foram tomadas para que ninguém ficasse excluído (Números 9.10).
Na cronologia interna da narrativa, estamos no shabat que dá início à terceira semana do segundo ano da saída do Egito (Números 9.1). Duas semanas antes, no início deste segundo ano, a Tenda tinha sido levantada, dando início a uma solenidade que durou doze dias, com cada tribo trazendo as suas oferendas. O ápice do evento foi a Presença divina na Tenda, envolvida por uma nuvem de dia e por um fogo de noite (9.15). E isso continuaria sempre, de agora em diante (9.16-23).
Dia 124 – Ano 1