Naquele tempo em Israel, havia várias leis cujo objetivo era assegurar ou proteger a posteridade e o patrimônio familiar das pessoas. Uma delas dizia respeito a homens que tivessem morrido sem ter filhos. Pela lei, o parente mais próximo devia “resgatar” tanto a propriedade familiar como a esposa, preservando assim o patrimônio do falecido e dando a ele um filho que lhe assegurasse a posteridade.
No capítulo 1 falamos de expectativas criadas nas duas viúvas, Naomi e Rute, pela colheita de cereais. O capítulo 2 começa (2.1) criando mais uma expectativa, ao nos apresentar Boaz, um “parente do marido” de Naomi. Como “parente próximo”, ele é um dos possíveis “resgatadores” (2.20) da família e dos bens de Naomi.
Esses dois temas, o da colheita e o do resgate, vão sendo habilmente entretecidos na narrativa. O capítulo começa (2.2) com Rute indo para a roça exercer um direito das viúvas: fazer a respiga da colheita, juntar as sobras. Quis o acaso (v.3!) que ela fosse parar na roça de Boaz, onde foi bem recebida pelos que trabalhavam na colheita (ou pelo menos não foi molestada, como não era incomum acontecer, cf. 2.22). Ali, então, ela passou o dia juntando sobras das espigas.
Não demora, chega Boaz, e começa um jogo de atração. Boaz fica fascinado com a dignidade de Rute, ainda mais que havia ouvido elogios sobre a atitude dela em relação a Naomi. No fim do dia (2.18), Rute volta para casa, não do jeito que Naomi se queixava no capítulo anterior (“parti cheia, voltei vazia”, 1.21). Rute tinha saído “vazia” pela manhã, e retorna à noitinha “cheia” (com quase um efa de cevada, 2.17; dava comida para as duas por mais que uma semana). E mais: com a promessa de Boaz, de que ela podia fazer isso todos os dias, até o fim da colheita (2.21).
O capítulo termina como começou, mas com um significativo avanço. Rute na roça de Boaz, todos os dias, podendo catar espigas livremente. E com uma sensação de que “o amor está no ar”.
Dia 228 – Ano 1