No fim do capítulo 2 é dito que Rute ficou catando espigas na roça de Boaz até o fim da colheita. Não só a da cevada, mas também a do trigo (2.23). Do jeito que foi contado o episódio da roça, ele incita a imaginação quanto a repetições daqueles olhares e conversas entre Boaz e Rute.
O capítulo 3 leva a história adiante. Terminada a colheita, era tempo de separar os grãos das espigas. Isso era feito num pátio chamado de “eira”. Com um forcado, jogava-se o cereal para o ar. A palha era levada pelo vento, os grãos iam sendo depositados no chão. No fim, ficava aquele monte de grãos, que representava o resultado da colheita do ano. E aí, uma grande festa, noite adentro.
Naomi havia planejado em detalhes o que Rute faria (3.1-4). Rute concorda com o plano e o segue à risca (v.5-6). Depois da festa, Boaz procura um canto para dormir, alegre pela boa colheita, pela festa e pelo vinho (v.7). No meio da noite algo o acorda e, para sua surpresa, há uma mulher deitada perto dele (v.8). Podemos imaginar o que tudo pode ter passado pela cabeça dele. O diálogo que segue (v.9-13) mantém o mesmo clima de fascinação e respeito mútuo que percebemos no trecho de ontem.
Pela manhã, Rute volta para casa, não sem levar cevada suficiente para as duas comerem por mais de um mês (v.15-17). E assim, encaminha-se um final feliz. Mas ainda há um problema. Boaz não é o primeiro na “linha de sucessão” do resgate. Há um outro na frente, como Boaz tinha deixado claro para Rute (v.12-13).
Há aqui um jogo de imagens muito significativo. À noite na eira, Rute pede a Boaz que estenda sobre ela o seu manto (3.9). Lá na roça, Boaz havia desejado a Rute que o Deus de Israel a recompensasse, o Deus “sob cujas asas vieste buscar abrigo” (2.12). O interessante é que o modo de Deus abrigar sob suas asas é fazendo Boaz estender o manto! Deus dá Sua bênção, dentro e através da que nós damos. Assim o divino e o humano vão sendo reconciliados.
Dia 229 – Ano 1