Gênesis 22 — 23

Gênesis 22 — 23

Um furacão interrompe, subitamente, o sossego de Abraão. No capítulo anterior ele havia “perdido” seu filho Ismael. Agora, uma coisa absolutamente sem explicação acontece. Deus pede a Abraão, em sacrifício, o filho que havia restado, Isaque (v.2: “teu filho, teu único filho”).

Difícil imaginar o que foi o resto daquela noite para Abraão. De manhã ele levanta, arruma tudo “e vai” (v.3), caminho de três dias. Três longos dias, em que Abraão deve ter morrido cem vezes. No fim de uma vida que ele dedicou ao chamado e à promessa divina, tudo se reduz a nada. Sem Isaque, tudo acaba. Entre entender e obedecer, ele obedece. No último momento, Deus intervém e salva o menino, e congratula Abraão. Aí se esclarece que se tratava de colocar a fé de Abraão à prova (v.1), para ver se ela era um lastro suficientemente forte para tudo que Deus queria construir em cima. Nos v.17-18, Deus renova a bênção a Abraão.

Depois deste episódio, Abraão recebe notícias (22.20-24) de que também seus familiares foram agraciados por Deus com descendentes. Esta pequena nota já vai preparando caminho para histórias que vêm a seguir, em que o filho e depois o neto de Abraão, retomam os laços com sua família de origem.

Gênesis 23 nos fala da morte de Sara e da negociação para a compra de um lote de terra para enterrá-la. Sua importância na narrativa do Gênesis é que este pequeno lote é tudo que Abraão possui, ao fim de sua vida, da terra que Deus lhe prometera. Quase nada, em comparação com o tamanho do que fora prometido. Mas já alguma coisa, um chão firme para fortalecer a fé.

Dia 31 – Ano 1

Gênesis 15

Gênesis 15

Uma questão que incomodava muito Abrão é que Sarai, sua mulher, não podia ter filhos (cf. Gênesis 11.30). Abrão reclama abertamente de Deus. Justificadamente, pois ter filhos tinha sido parte da promessa de Deus  (Gênesis 12.2). Agora ele estava ficando velho, e nada. Deus sente que é hora de intervir, e chama Abrão para uma conversa. Deus lhe assegura que ele há de ter muitos filhos (15.4-5). A reação de Abrão é registrada em poucas palavras, que dizem tudo: ele “creu, confiou no Senhor” (15.6). Vendo a reação de Abrão, Deus reforça mais uma vez a promessa (15.7). Pede a ele que prepare um sacrifício (15.9-10). Ao anoitecer, Abrão cai num sono profundo (v.12). São momentos em que Deus pode falar direto na alma (v.13-16). Na visão do sonho, Deus lhe dá um sinal, uma tocha de fogo passando pelo meio das partes do sacrifício (v.17).

Naquele dia, Deus fez um pacto, uma aliança, com Abrão (Gênesis 15.18), como tempos atrás Ele havia feito com Noé (Gênesis 9.8-17). A aliança com Noé se estende a toda a humanidade e toda a terra. A aliança com Abrão se estende a uma parte da humanidade e a uma parte da terra. 

Entender a relação entre estes dois pactos é muito importante para compreendermos os rumos da narrativa bíblica. O propósito da aliança mais restrita (a de Abrão) não é substituir a aliança mais ampla (a de Noé), mas justamente assegurar sua realização. Através deste pequeno povo, nesta pequena terra, Deus abençoará toda a humanidade, como Ele tinha dito a Abrão (Gênesis 12.3).

Dia 24 – Ano 1