Levítico 2 — 3

Levítico 2 — 3

A leitura de Levítico 1 pode ter deixado algumas pessoas indignadas. O capítulo trata de violência em relação a animais. É a questão dos “holocaustos”, o nome que o texto bíblico dá aos sacrifícios de animais quando inteiramente queimados. Violência sancionada pelo próprio Deus, que aparentemente tinha prazer nela (cf. a repetição da frase “aroma agradável ao Senhor”, Levítico 1.9,13,17). Quem lê a Bíblia hoje, e justamente quem procura lê-la no espírito que a anima, de amor e reconciliação, não pode deixar de se confrontar com estas questões. Como conciliar amor e reconciliação com violência, aparentemente ordenada pelo próprio Deus? Esta é uma questão das mais importantes, se queremos compreender o papel do livro de Levítico na história bíblica.

Tentemos escutar com atenção o que dizem os textos. Eles começam com frases parecidas: “Quando alguém trouxer oferenda ao Senhor…” (Levítico 1.2; 2.1; 3.1). Trazer oferendas à divindade era muito comum nas religiões antigas. Quando os israelitas aderiram ao Senhor, no Egito, suas oferendas passaram a ser feitas a Ele (mesmo com recaídas, como a história do bezerro de ouro). Num primeiro momento, Deus se adapta a isso. Faz parte de Sua pedagogia.

Mas esta adaptação já introduz sutis mudanças, que dão uma nova direção a todo o sistema sacrificial. É como o desenho de um ângulo. A ponta do ângulo junta duas linhas, que depois vão se afastando à medida em que o ângulo vai se abrindo. Assim é com a conversão que está se dando nos israelitas. A linha vinha numa direção, agora chega na ponta e começa a ir na direção contrária. No começo quase não dá para ver diferença!

Dia 93 – Ano 1

Gênesis 37.12-36

Gênesis 37.12-36

O ódio e o ciúme dos irmãos de José avançam para um próximo estágio. O vergonhoso episódio de Siquém (Gênesis 34), bem como notícias sobre más condutas deles (Gênesis 37.2) deixavam Jacó apreensivo. Por isso, manda José ir ver como eles estão (37.13-14). Quando seus irmãos o vêem, o sentimento negativo se tranforma em ação (37.18). Com curso livre, a maldade corre solta.

Em momentos assim a gente se pergunta pela eficácia da pedagogia divina. A terceira geração desde Abraão parece não ter aprendido nada até agora. Mas sinais positivos desta pedagogia divina já se manifestam, mesmo que por enquanto só sob a forma de restrições ao transbordamento da maldade. Isso é mostrado na atitude de Rúben (37.21,29) e talvez também na de Judá (37.26-27). De qualquer modo, a vida de José foi preservada. E com ela, como ainda veremos, a de toda a família de Jacó. E com isso também a promessa divina.

Bem mais adiante, o povo descendente de Jacó-Israel receberá de Deus a Instrução, a Torá, que representará um próximo estágio neste paciente processo pedagógico de Deus com o povo escolhido. Muitas gerações mais para a frente, Paulo refletirá sobre estas fases do caminho de Deus com Seu povo (cf. Gálatas 3.15-24). O grande propósito de Deus é a reconciliação prometida a todos os povos, através de um povo que precisará aprender a sintonizar com este propósito divino, e voluntariamente aderir a ele. Pois ele está indissoluvelmente ligado à liberdade e ao amor, tanto de Deus como do ser humano por Ele criado.

Dia 43 – Ano 1