Gênesis 21

Gênesis 21

Finalmente ressoa o anúncio tão esperado (Gênesis 21.1-7): Sara tem um filho de Abraão! Quanta coisa se meteu no meio, para impedir esse momento festivo na narrativa bíblica. Quantas vezes a promessa divina esteve ameaçada. A felicidade de Sara é compreensível.

“… por Isaque será chamada a tua descendência” (v.12). O plano divino de reconciliação universal se revela como uma pedagogia de trabalhar com um grupo que é deliberadamente mantido pequeno e personalizado. Este parece ser o jeito divino de atingir a “grande massa” sem tratá-la como “massa”, mas buscando o lugar e a dignidade de cada pessoa individualmente. Mas quantos perigos rondam esta estratégia! Por exemplo: o escolhido agora é Isaque. O futuro depende de ele continuar vivo e ter filhos. E se algo lhe acontecer? Ou se ele não puder ter filhos?

A segunda parte do capítulo (21.8-21) mostra um lado sombrio da felicidade. As famílias das duas mulheres de Abraão continuam se desentendendo (como vimos em Gênesis 16). Hagar, com o filho Ismael, tem que partir, dessa vez para sempre. Mas o fato de a descendência de Ismael não fazer parte dos escolhidos não os exclui do cuidado de Deus, pelo contrário (v.17-20). Eleição, tem justamente o sentido de expressar o cuidado de Deus para com a humanidade toda.

A terceira parte (21.22-34) nos leva de volta ao cotidiano de gente tocando sua vida, negociando e se relacionando com outras pessoas e grupos. Parece que finalmente temos uma calmaria, depois de tantas tensões e problemas.

Dia 30 – Ano 1

Gênesis 16

Gênesis 16

Apesar das promessas, os problemas continuam. “Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos” (16.1). Uma vez que Deus estava demorando, a própria Sarai resolveu tomar a iniciativa. Naquela época, o filho de uma escrava podia ser assumido legalmente como filho da patroa. Assim, Sarai cede sua serva Hagar a Abrão, para ter um filho através dela. Hagar engravida, e isso deixa as relações entre as duas muito tensas. A ponto de Hagar fugir (v.6). Um anjo de Deus a encontra, e a convence a mudar de ideia e voltar para a casa de sua senhora (v.7-9). O filho de Hagar, disse o anjo, viveria e teria muitos descendentes (v.10).

O nascimento do menino, Ismael, é registrado com poucas palavras, mas com uma entonação que deixa claro que aquele ainda não era o fim da história, e que na verdade nem era o jeito de Deus realizar sua promessa a Abrão. Ismael é “o filho que lhe dera Hagar” (v.15), com uma insinuação de que este não era o filho prometido.

Essa história ilustra como a relação entre os propósitos de Deus e os nossos nem sempre são isentas de problemas. Às vezes vacilamos em nossa fé, em nossa confiança de que Deus faz tudo muito bem, e que “há um tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3.1). E aí fazemos as coisas do nosso jeito. E acabamos criando problemas que mais tarde podem gerar mais problemas. Abrão já tinha podido ver isso naquela temporada no Egito (Gênesis 12.10-20). A referência à idade de Abrão em 16.16 (“tinha 86 anos”) poderia sugerir que de fato, do ponto de vista humano, já era tempo de que a promessa divina se cumprisse.

Dia 25 – Ano 1